A história do "Estádio Mané Garrincha" - PARTE 2

Nossa série sobre a história do principal estádio da capital federal chega com mais um texto do nosso amigo Mauro Jácome...


MANÉ GARRINCHA TEIMA EM EXISTIR (#2)

Por Mauro Jácome (texto publicado na Revista Redemoinho, do curso de Jornalismo do IESB)



O novo Mané Garrincha

Para a Copa do Mundo de 2014, Brasília foi escolhida como uma das doze cidades-sede e teria sete partidas.

A ideia inicial para o novo estádio era de aproveitamento das estruturas existentes. No entanto, a Fifa exigiu que o público ficasse mais próximo ao gramado, logo, a pista de atletismo não poderia fazer parte do projeto. As arquibancadas teriam que ser demolidas e reconstruídas. O campo de jogo seria rebaixado em cinco metros para manter a visibilidade do torcedor. As obras do novo Mané Garrincha foram iniciadas em outubro de 2010.

O geólogo Luiz Gustavo Freitas, é funcionário da Novacap e fiscalizou a obra. Ele explica como foi o processo de demolição do antigo estádio: “Tentou-se implodir três vezes por dinamite. Aquelas estruturas feitas na época do regime militar eram tão fortes que não foi possível, teve que ser por máquina”.

A cerimônia de inauguração foi realizada em 18 de maio de 2013. No mesmo dia, ocorreu o primeiro jogo de futebol no estádio: Brasília e Brasiliense, pela final do Campeonato Brasiliense.

Quem vem de fora para trabalhar no Mané Garrincha gosta do que vê, apesar de algumas críticas. A repórter do Esporte Interativo, Monique Danello, reclama da tribuna de imprensa escrita e de rádio que fica localizada num ponto muito alto do estádio. Por outro lado, faz elogios: “Tudo funciona muito bem, nunca tivemos problemas, é um estádio em que eu gosto de trabalhar”.

Paulo Vinícius Coelho, comentarista da FOX Sports(*), já esteve no Mané Garrincha algumas vezes. Devido ao tamanho “a gente anda muito. Brinquei na Copa que a gente anda tanto que fica até com a perna torta. Por isso que se chama Mané Garrincha”, diverte-se PVC. No entanto, faz ressalvas: “O problema é que você vê o superfaturamento. Você vê a qualidade inferior ao que tem no Maracanã e é o estádio que custou mais caro. O Mineirão foi mais barato e é mais funcional. O Mané Garrincha é um bom estádio. Não é o melhor, mas está longe de ser o pior”.

O relatório da auditoria permanente do Tribunal de Contas do Distrito Federal (www.tc.df.gov.br), com as contratações efetivadas até fevereiro de 2014, aponta o custo da obra para R$ 1.607.792.216,99. A capacidade do estádio é para 72.788 pessoas, sendo assim, cada assento tem um valor simbólico de mais de vinte e dois mil reais.

Vai ter Copa 

Um ano antes da Copa do Mundo, o país vivia momentos de pressão vinda das ruas. Desde o Fora Collor de 1992, Brasília não era chacoalhada por manifestações de cunho político com tamanha força. O momento fez crescer dois grupos: “Não vai ter Copa” versus “Vai ter Copa”. Nas escolas, nas ruas, campos, construções, estendendo-se aos bares, ofícios e outros mais, debatiam-se os prós e contras. Venceu a Copa.

A construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e a expectativa pela Copa mexeram com o brasiliense. A empolgação era tanta que houve quebra de recorde de público envolvendo clube do Distrito Federal: no dia do aniversário de Brasília de 2014, pela Copa Verde, 51.701 pessoas foram presenciar o Brasília ser campeão em cima do Paysandu.

Rolou a Copa do Mundo e multidões de brasileiros e estrangeiros frequentaram o Mané Garrincha, proporcionando um público médio de 68 mil. O novo estádio colocou o futebol visto da arquibancada numa evidência que nunca tivera antes na Capital. O reforço veio em 2016 com as Olimpíadas: Brasil x África do Sul levou o maior público que o Mané Garrincha já teve na sua história: 69.389 torcedores.

O professor Filemon se empolgou com o novo Mané Garrincha e tinha um propósito de vida: “Quando o Brasil era candidato a sediar a Copa, meu sonho era não morrer antes”. Realizou.


(*) hoje, o comentarista PVC trabalha no Grupo Globo

...continua

Comentários