CORINTHIANS 1X3 FLAMENGO [É isso que queremos do futebol?]

Mais uma goleada do Flamengo - agora de Renato Gaúcho - e desta vez sobre o Corinthians. 

Aliás, 3x1 é goleada?

Esse texto não é pra falar do Flamengo, nem do Corinthians, nem desse jogo específico, nem mesmo do conceito de "goleada". Vou falar de futebol. O que queremos, nós brasileiros, do futebol jogado no país. Ou queremos um jogo melhor, com mais qualidade, ou queremos a vitória a qualquer custo. Infelizmente, ou felizmente, os dois ao mesmo tempo não dá.


Durante a transmissão na TV aberta pela Globo foi consenso entre narrador e comentaristas, Vilani, Roger Flores e Casagrande, que o grande fato que acompanhávamos na telinha era um time apático, sem disposição, o que o fazia ser totalmente dominado por outro time e que, espante, nem cometia faltas pra amarrar o jogo. Pra mostrar competitividade era necessário 'chegar junto'. O comentarista de arbitragem fez uma entrada em determinado momento e elogiou o fato do Corinthians estar perdendo "feio" e jogando limpo, fazendo com que o jogo tivesse poucas faltas. Eis que os 3 "comandantes" da transmissão retrucam dizendo que esse dado era quase absurdo porque mostrava a falta de combatividade do time ignorando por quase completo os méritos do outro lado do campo, de quem estava fazendo com que o jogo virasse um passeio.

Não vou ser purista e romântico ao extremo, até ingênuo, achando que o jogo sem faltas é um objetivo. Que um time não pode cometer faltas, não pode chegar junto. Não se trata disso. Mas também não podemos dizer que a falta faz parte de uma forma de jogar. Não, não pode ser, até porque há punição pra quem comete falta. O foco foi dado ao lado supostamente negativo da partida em detrimento do que acontecia de bom. Um time estava jogando muito bem e "atropelando" o adversário com jogo bonito e objetivo. Esse era o grande acontecimento.

Mas existe um sentimento de "vencer a qualquer custo" ou mais, "não perder a qualquer custo" que predomina no mundo do futebol brasilis. Óbvio que a análise do jogo deve passar pelos 2 times em campo, igualmente. Óbvio que era preciso que os comentaristas analisassem o time que estava sendo derrotado e apontar como ele poderia reverter a situação, ou tentar revertê-la. Mas cometendo faltas e chegando junto definitivamente não era a maneira a ser debatida. Isso é tornar o jogo ruim. Isso é "não perder a qualquer custo". E aí, eu estou fora.

O torcedor do time derrotado tem todo o direito de achar o que quiser do jogo. E tem todo o direito de inclusive achar que o time dele tinha que jogar feio pra evitar a derrota. Mas quem está transmitindo o jogo, quem tem o microfone na mão e o poder de influenciar opiniões precisa ter em mente que a qualidade do jogo praticado aqui depende também de como ele analisa os jogos. Óbvio, mas não custa falar, não é mentir e enganar o expectador. A qualidade depende de como ele mostra, pra quem está acompanhando a transmissão, detalhes e possibilidades que fazem do futebol o esporte mais praticado no país. Não dá pra ser "só" emoção e papo de torcedor. Não pode ser. O torcedor que entende melhor o jogo sabe o que cobrar do seu time. E não pode ser: faça mais faltas. Essa não pode ser a cobrança.

Em alguns momentos do jogo até foram pontuadas alternativas pro time que estava perdendo mas sempre era finalizado com o "chegar junto", "ser mais competitivo", "amarrar o jogo"... O que deixou claro que a "saída" passava sempre por ali. É resumir demais o que estava acontecendo.

E pra finalizar, não acho nem Casagrande, nem Roger Flores ruins no que fazem. Só erram, como todos nós erramos. Deve ser difícil separar o sentimento de (ex)jogador, forjado a "não perder a qualquer custo" da frieza de ser um analista do jogo.

Abraço e até a próxima!

Se o juiz apitou tá apitado! Então levanta a cabeça, bola pra frente, segue o jogo e... bom futebol!

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